O Come-Fogo de um protagonista: Pedro Severino

O clássico número 172 entre Botafogo e Comercial teve como destaque um jovem jogador, filho de um ídolo nacionalmente conhecido

Imagem: Célio Messias/Ag. Paulistão

Célio Messias/Ag. Paulistão

Após dois anos sem se enfrentar, Botafogo e Comercial voltaram se reencontraram no clássico que agita a cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo – o famigerado Come-Fogo. O duelo, na noite do dia 9 de julho, aconteceu no Estádio Santa Cruz – agora chamado Arena NicNet – e foi válido pela Copa Paulista 2024.

Ver este jogo presencialmente, mesmo ante todas as circunstâncias, é certamente uma experiência ímpar, e nota-se como esta partida realmente tem o peso de um grande clássico para jogadores, torcedores e dirigentes.

Apesar de termos torcida única, o clima de ansiedade e tensão antes de todo clássico estava alí. O entorno do estádio teve policiamento reforçado, por conta da proximidade entre os estádios dos dois arquirrivais, e a torcida do Botafogo a todo tempo entoavam cânticos provocando o adversário.

Apesar do frio da noite de inverno de Ribeirão, acredito que a presença dos torcedores botafoguenses poderia ser um pouco maior, tendo em vista se tratar de um feriado estadual e o preço dos ingressos estar um pouco mais acessível do que nos jogos de Série B – apenas 3.165 ingressos foram disponibilizados para o duelo, com preços de no máximo R$ 60, e toda a carga foi vendida. Mesmo assim, quem estava presente apoiou o time do começo ao fim e teve papel fundamental no resultado: vitória por 4 a 1.

A última partida entre as equipes havia sido na Copa Paulista de 2022. Desde então, muita coisa aconteceu na vida destas duas equipes. Naquela oportunidade, o Botafogo estava na Série C do Campeonato Brasileiro e conquistou o acesso para a Série B, onde se encontra até hoje; o Comercial também conquistou um acesso, mas da Série A3 para a Série A2 do Paulistão em 2022.

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Contudo, a situação do Bafo mudou neste ano com um novo rebaixamento para a Série A3, em uma equipe que ficou conhecido entre torcedores como “o pior Comercial de todos os tempos”, quando terminou o campeonato sem vencer uma partida sequer e com o descenso sendo sacramentado justamente em uma partida que precisou mandar no estádio do grande rival.

Imagem: Raul Ramos/Agência Botafogo-SP

Comercial sai na frente, e reserva provoca antes da hora

Quando a bola rolou, parecia que todo esse retrospecto negativo do time de Palma Travassos tinha ficado para trás. O Comercial começou melhor e abriu o placar aos 6 minutos com belo gol de Carlinhos, que recebeu na entrada da área e soltou um balaço no ângulo do goleiro Victor Souza. Na comemoração do gol, um dos reservas da equipe comercialina provocou a torcida botafoguense, o que incendiou o jogo e fez com que empurrasse cada vez mais o adversário em busca do empate.

Imagem: Célio Messias/Ag. Paulistão

Após o baque inicial, o time da casa se organizou e percebeu que estava disputando um clássico, dando a verdadeira importância a partida, disputando cada bola com mais raça e vontade que o adversário. Além disso, a superioridade técnica de alguns jogadores – como Emerson Negueba, titular em alguns dos jogos do time na Série B – começou a se sobressair.

(Imagem: Raul Ramos/Agência Botafogo-SP)

DNA de craque

Após pressionar e criar inúmeras oportunidades, o Botafogo finalmente conseguiu chegar ao gol de empate graças a um boa jogada de dois jogadores da base tricolor. Aos 37 minutos, Tortello carregou pelo meio e cruzou na medida para Pedro Severino, que subiu nas costas da marcação e testou firme para vencer o goleiro Marcos. A torcida botafoguense desceu em peso para se “vingar” da provocação feita pelo reserva comercialino, que aquecia perto da bandeirinha de escanteio, onde a maioria dos torcedores se encontravam.

O gol fez pulsar o Estádio Santa Cruz, que, além da alegria do gol, se encheu de nostalgia ao ver o jovem Pedro Severino, de 18 anos. Pedro é filho do ídolo Lucas, atacante revelado pelo Botafogo e com passagens por Atlético-PR, Cruzeiro e Corinthians, e que era conhecido como um jogador que sempre marcava gols em clássicos. O pai inclusive, estava presente no estádio e é uma das maiores revelações do Botafogo Ele jogou dos nove aos 19 anos, tendo estreado no profissional aos 16 e convocado para seleção brasileira de base ainda defendendo o clube.

Pouco tempo depois, o Botafogo – ainda pressionando e se aproveitando da desorganização rival e desequilíbrio psicológico – conseguiu a virada. Willian tabelou com Erik pelo lado esquerdo e bateu de fora da área, deslocando o goleiro adversário.

O primeiro tempo poderia terminar com um placar ainda maior, mas o juiz Lucas Canetto Bellote deixou de marcar um pênalti claro em Emerson Negueba, gerando revolta na torcida e na comissão técnica do Botafogo.

Goleada e sequência negativa mantida

Na volta do intervalo, o Botafogo manteve o ritmo, com o quarteto Negueba, William, Tortello e Pedro Severino infernizando a defesa comercialina. O Bafo pouco exigiu do goleiro Victor Souza. E foi então que o faro de gol de Pedro Severino brilhou novamente.

O zagueiro Suéliton, do Comercial, foi tocar para o meio e deu a bola de graça para o camisa 9 botafoguense, que entrou na área, driblou o goleiro e marcou o terceiro tento tricolor no clássico,  indo comemorar com a torcida botafoguense.

O gol fez o Botafogo relaxar um pouco, e o Comercial passou a ter algumas chances. Em uma delas, Adriano Luiz bateu cruzado obrigando o goleiro do Botafogo a fazer boa defesa. 

O time da casa seguiu apostando no contra-ataque e em uma dessas oportunidades chegou ao quarto gol com Erick, que aproveitou sobra de bola dentro da área para marcar.

E ficou assim: goleada e festa da torcida com os jogadores tricolores após o apito final, com direito a coro de “o Bafo acabou”, em alusão a atual situação do rival.

Com a goleada, o Botafogo alcançou 64 vitórias no Come-Fogo, enquanto que o Comercial tem 49 vitórias, somam-se ainda 59 empates no duelo entre as equipes.

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