Paulista de Jundiaí: a luz no fim do túnel?

Galo da Japi conquista o título da quinta divisão de São Paulo enquanto negocia venda de SAF

Imagem: Ag. Paulistão

Porque o título na Bezinha representa a esperança para o Paulista de Jundiaí | UD EXPLICA

Já faz algum tempo que o torcedor tem acompanhado as tentativas de reconstrução do Paulista de Jundiaí.

Rebaixado no Campeonato Paulista de 2014, caiu na Série A-2 de 2016 e na Série A-3 de 2017. Em 2019, foi campeão da Segunda Divisão, então quarta divisão de São Paulo, mas caiu de novo na Série A-3 já em 2020. Ficou na quarta divisão até 2023, quando o campeonato foi desmembrado em dois – e foi parar na quinta divisão de 2024.

Mas chegou a temporada de 2024, e o Galo da Japi saiu de seu pior momento.

O Paulista de Jundiaí foi campeão da Segunda Divisão do Campeonato Paulista de 2024, conquistando o oitavo acesso da história do clube voltando a disputar a quarta divisão de São Paulo a partir de 2025. Em meio ao turbilhão de subidas e descidas envolvendo o clube nos últimos anos, o torcedor sente que finalmente tem motivos para se animar.

Já faz alguns anos que o Paulista vem tentando modernizar sua diretoria, com integrantes jovens e bastante vinculados ao clube. Em 2024, no entanto, a situação ganhou força com a chegada de um novo protagonista: Pedro Mesquita, ex-diretor de investimentos da XP.

No final de 2021, Mesquita intermediou a venda da SAF do Cruzeiro a Ronaldo Fenômeno – que, por sua vez, vendeu o futebol do time mineiro em 2024 para Pedro Lourenço. Em 2023, Mesquita deixou a XP para se dedicar à própria gestora, a Exa.

Transformado em clube-empresa no fim de 2022, o Paulista já havia tentado vender a administração do futebol em 2023 para a empresa Two Me, que não depositou os valores prometidos no acordo. Como não houve sucesso no acordo, o clube precisou buscar novos investidores.

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Foi então que começaram as conversas, ainda confidenciais, com Pedro Mesquita – desta vez, com mais sucesso. Em junho de 2024, a Exa assinou um contrato para comprar 90% da SAF do Paulista, em processo que deve ser concluído até outubro. A proposta avaliou as dívidas da equipe em R$ 50 milhões e procura maneiras de sanar as situações financeiras.

“Na verdade, a gente está na expectativa aqui – nós todos, do clube – para que se concretize o negócio. A gente vê como uma grande oportunidade de deixar o clube mais saudável financeiramente, para que o clube possa ser mais competitivo nos próximos anos, agora subindo para a Série A-4 também, conseguindo montar um time forte, e tentar bater lá em cima, voltar para a Série A-1, disputar as divisões do Brasileiro e chegar com saúde financeira. Isso eu acho que é o mais importante no momento. Então, para nós, seria muito importante concretizar essa questão da SAF”, analisa Ivan Gottardo, diretor de patrimônio do Paulista de Jundiaí.

Na Segunda Divisão do Campeonato Paulista de 2024, o Paulista fez uma boa campanha, ainda que sem os efeitos práticos de se tornar um SAF. Passou com tranquilidade pelos grupos da primeira e da segunda fases, e despachou Flamengo de Guarulhos e Inter de Bebedouro no mata-mata. Nas finais, não teve dificuldades diante do Colorado Caieiras: venceu a ida fora de casa por 4 a 0 e a volta em Jundiaí por 1 a 0. 

O time teve setores equilibrados, no ataque e na defesa. Fez 39 gols e sofreu 11. Contou ainda com o artilheiro do campeonato: Vinícius Souza, com nove gols. O técnico escolhido para a missão foi Fausto Souza, que trabalhava na base do Ska Brasil.

“A gente credita (o sucesso da temporada) ao trabalho do conjunto mesmo, desde a diretoria que vem organizando o clube nos últimos anos, sanando algumas dívidas, pagando em dia os salários. Mesmo o clube com poucos recursos, na última divisão, a gente tem honrado tudo que a gente promete para jogadores, comissão, funcionários. Isso deixa todo mundo mais tranquilo para trabalhar”, analisou ainda Ivan Gottardo, que comemorou a montagem do elenco para 2024.

“A comissão técnica, a gente acertou muito com o Fausto. Desde o ano passado, nas primeiras conversas com ele, deu para ver que ele estava com essa vontade de vir para cá, de ter essa oportunidade de começar um trabalho em um time profissional. Ele é aqui da cidade, jogou na base do clube, o pai dele jogou no clube, ele tem essa identificação. Para ele, a gente via que era uma vontade mesmo de ter sucesso – e, felizmente, deu certo. E também os jogadores que, desde o início, a gente fez ações com eles para mostrar a história do clube, para eles criarem essa identificação com o clube, com torcida, com cidade. Eles conseguiram absorver isso. O trabalho dentro de campo foi bem feito. Acho que todo esse conjunto deu certo para o acesso do Paulista, para essa volta para a Série A4”, acrescentou o dirigente.

Paulista trabalhou para que jogadores criassem identidade com a cidade (Imagem: Gustavo Amorim/Paulista FC)

Caso se concretize a negociação entre Paulista de Jundiaí e Pedro Mesquita, as perspectivas financeiras e esportivas para o time a partir de 2025 são positivas. A meta do empresário é recolocar o clube na Série A1 do Paulistão e na Série B do Brasileiro nos próximos anos.

Mas mesmo se a negociação desandar, vale olhar com carinho para a situação do Paulista. O clube se mostra disposto a resolver os problemas dos bastidores nos próximos anos, e o acesso de 2024 pode ser o pontapé inicial para sair do fundo do poço.

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